Ainda quero ser professor, mas…

Texto de um e-mail que anda circulando pela internet:

* O texto não foi alterado ou corrigido, ele está exatamente como recebi.

Triste história de um Professor
 Porto Alegre (RS), 16 de julho de 2011
 Caro Juremir (CORREIO DO POVO/POA/RS)
 Meu nome é Maurício Girardi. Sou Físico. Pela manhã sou vice-diretor no Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre , onde à noite leciono a disciplina de Física para os três anos do Ensino Médio.   Pois bem, olha só o que me aconteceu:   estou eu dando aula para uma turma de segundo ano. Era 21/06/11 e, talvez, “pela entrada do inverno”, resolveu também ir á aula uma daquelas “alunas-turista” que aparecem vez por outra para  “fazer uma social”.  Para rever os  conhecidos.     Por três vezes tive que pedir licença para a mocinha para poder explicar o conteúdo que abordávamos.
Parece que estão fazendo um favor em nos permitir um espaço de fala. Eis que após insistentes pedidos, estando eu no meio de uma explicação que necessitava de bastante atenção de todos, toca o celular da aluna, interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma idéia e prejudicando o andamento da aula. Mudei o tom do pedido e aconselhei aquela menina que, se objetivo dela não era o de estudar, então que procurasse outro local, que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali naquela sala estavam pessoas que queriam aprender’ e que o Colégio é um local aonde se vai para estudar. Então, a “estudante” quis argumentar, quando falei que não discutiria mais com ela.
 Neste momento tocou o sinal e fui para a troca de turma. A menina resolveu ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido repreendida na frente de colegas. De casa, sua mãe ligou para a Escola e falou com o vice-diretor da noite, relatando que tinha conhecidos influentes em Porto Alegre e que aquilo não iria ficar assim. Em nenhum momento procurou escutar a minha versão nem mesmo para dizer, se fosse o caso, que minha postura teria sido errada. Tampouco procurou a diretoria da Escola.
 Qual passo dado pela mãe?  Polícia Civil!… Isso mesmo!… tive que comparecer no dia 13/07/11, na  8.ª (oitava Delegacia de Polícia de Porto Alegre) para prestar esclarecimentos por ter constrangido (“?”) uma adolescente (17 anos), que muito pouco frequenta as aulas e quando o faz é para importunar, atrapalhar seus colegas e professores’. A que ponto que chegamos? Isso é um desabafo!… Tenho 39 anos e resolvi ser professor porque sempre gostei de ensinar, de ver alguém se apropriar do conhecimento e crescer. Mas te confesso, está cada vez mais difícil.
 Sinceramente, acho que é mais um professor que o Estado perde. Tenho outras opções no mercado. Em situações como essa, enxergamos a nossa fragilidade frente ao sistema. Como leitor da tua coluna, e sabendo que abordas com frequência temas relacionados à educação, ”te peço, encarecidamente, que dediques umas linhas a respeito da violência que é perpetrada contra os professores neste país”.
 Fica cristalina a visão de que, neste país:
      Ø  NÃO PRECISAMOS DE PROFESSORES
      Ø  NÃO PRECISAMOS DE EDUCAÇÃO
      Ø  AFINAL, PARA QUE SER UM PAÍS DE 1° MUNDO SE ESTÁ BOM ASSIM
Alguns exemplos atuais:
·        Ronaldinho Gaúcho: R$ 1.400.000,00 por mês.    Homenageado pela “Academia Brasileira de Letras”…
·         Tiririca: R$ 36.000,00 por mês.      Membro da “Comissão de Educação e Cultura do Congresso”…
 TRADUZINDO: SÓ O SALÁRIO DO PALHAÇO, PAGA 30 PROFESSORES. PARA AQUELES QUE ACHAM QUE EDUCAÇÃO NÃO É IMPORTANTE: CONTRATE O TIRIRICA PARA DAR AULAS PARA SEU FILHO.
 Um funcionário da empresa Sadia (nada contra) ganha hoje o mesmo salário de um “ACT” ou um professor iniciante, levando em consideração que, para trabalhar na empresa você precisa ter só o fundamental, ou seja, de que adianta estudar, fazer pós e mestrado?  Piso Nacional dos professores: R$ 1.187,00… Moral da história: Os professores ganham pouco, porque “só servem para nos ensinar coisas inúteis” como: ler, escrever, pensar,formar cidadãos produtivos, etc., etc., etc….
 SUGESTÃO:        Mudar a grade curricular das escolas, que passariam a ter as seguintes matérias:
Ø  Educação Física: Futebol;
Ø  Música: Sertaneja, Pagode, Axé;
Ø  História: Grandes Personagens da Corrupção Brasileira; Biografia dos  Heróis do Big Brother; Evolução do Pensamento as “Celebridades”.
Ø  História da Arte: De  Carla Perez  a  Faustão;
Ø  Matemática: Multiplicação fraudulenta do dinheiro de campanha;
Ø  Cálculo: Percentual de  Comissões e Propinas;
Ø  Português e Literatura: ?… Para quê ?…
Ø  Biologia, Física e Química: Excluídas por excesso de complexidade.
 Está bom assim? …
ESSE É O NOSSO BRASIL
Faça parte dessa “corrente patriótica” um instrumento de conscientização e de sensibilização dos nossos representantes eleitos para as Câmaras Municipais, Assembleias Estaduais e Congresso Nacional e, principalmente, para despertar desse “sono egoísta” as autoridades que governam este nosso maravilhoso país, pois eles estão inertes, confortavelmente sentados em suas “fofas” poltronas, de seus luxuosos gabinetes climatizados, nem aí para esse povo brasileiro. Acorda Brasília, acorda Brasil !…

P.S.: Divulgue logo esta carta para todos os seus contatos. Infelizmente é o mínimo que, no momento, podemos fazer, mas já é o bastante para o Brasil conhecer essa “pouca vergonha”.   As próximas eleições estão chegando!

Gelo Quente A1

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Gelo Quente Arquivo 01

 Criado por Carlos Adriano (Boto)

 DESPERTAR

Um lapso …

… e recupero a consciência, já estou a mesa sentado comendo, quantas horas fazem? Não sei ao certo, o processo de descongelamento da criogênese capsular e incerto ainda, ainda mais feito sem percepções apuradas… É… Escapei, é o que importa, penso comigo catatônico olhando fixamente o nada sem conseguir reação, sentado, como lentamente como um débil hesitante, a esta meia luz oscilante neste canto ainda funcional desta nave por destino sucateada, minha moradia e lar, ou túmulo não sei ainda… Risos… Acalmo-me aos poucos e relaxo aconchegantemente na dura cadeira adentre o  frio e silencioso clima que me cerca não vacilante, o escuro infinito ainda me enfeitiça e nunca me arrependerei de andar sozinho e sem tempo ou lugar.

Checo o estoque de desidratados no compartimento vácuo, os sinalizadores estão fracos, a bateria de suporte interno deve estar descarregada… Irei com calma, não tenho muita comida e nem sei onde esta nave anda vagando, vamos nos focar.

Rastejo calmamente pelos dutos de circulação da nave, corredores pra ser mais exato, meio dormindo meio acordado, o processo de retorno à consciência é lento, devo estar de pé a horas, mas só agora vou me dando conta…meu corpo esta meio dormente, e preciso checar minhas funções internas na enfermaria depois, mas depois, depois dum banho, botar uma roupa quente e achar algum whisky que devo ter escondido aqui a centenas de anos, alias, acho que checarei as funções da nave antes de me acomodar.

Minha nave é um modelo raro de interceptador, construído a muitas centenas de anos na orbita do 4ALNYR, do sistema Nitur, um sistema de 16 planetas ao norte 34 ct da federação de Contivia, no qual 10 planetas são habitados, inclusive este em questão que é, ou era, um planeta rico em minérios metálicos, servindo de matéria prima pras centenas de empresas que se estabeleceram em sua orbita para construir colônias, cruzadores e todo o tipo de suporte para vida em vácuo. A nave era um modelo 34e-Intractporyl, os painéis e leitores estão em  Cootu, a língua oficial do planeta de fabricação, não sabia falar Cootu mas me acostumei com os painéis, depois destas centenas de anos, o im-radar mostra 10 espectros de luz, vácuo infinito a frente, uma corrente de asteróides a 15 anos, e um corpo sem luz que deve ter passado por nós a uns 10 anos…bem perto, a nave deve ter mudado a rota a tempo de não ser pega no efeito do objeto,  mudo o sistema do holovisor principal para modo histórico, configuro para a aparecer no simultâneo o DTL  e o batch de manobras da nave(arquivo de histórico de manobras efetuadas pela maquina sistematicamente, um relatório feito automaticamente pela nave enquanto as executa), busco no visor auxiliar, nos mostradores de diagnostico, a ultima data de controle no manual, faço comparações com a atual mostrada no sistema de suporte interno da nave, sistema que me da gravidade, pressão, e a impressão, bem vaga de que não estamos no vácuo, e lá esta, o sistema marca 450 anos delineares, ou seja fiquei algo em torno de 400 anos terrestres em suspensão criogênica, terrestre, risos, chega a ser cômico usar esta palavra, quantos séculos anos não vou ao meu planeta natal, quantas gerações já se passaram par aqueles cantos do vácuo enquanto eu vago atemporal e sem rumo por aí, em busca de emoções baratas, e um lugar para chamar de lar..humpf…então faz 400 anos dês da ultima tentativa de “lar”, parece que foi ontem, a imagem esta fresca na lembrança, volto para a data certa para ver o relatório na tela de histórico, e La esta..sistema de defesa se ativa…intercepta 12 pontos  contra, o sensor de movimentos identifica meu espectro físico adentrando a nave, a escotilha se fecha, o modo de fuga se ativa e faz manobras de evacuação, não é uma manobra de voo qualquer, uma manobra de voo esta dentro dos padrões de aerodinâmica da nave dentro da atmosfera do planeta, identificando as condições gravitacionais e as possibilidades Fisiológicas do piloto, na fuga a manobra e livre, a nave define sozinha e livre de cálculos auxiliares a forma mais rápida de cair fora, mesmo… Risos, agora eu to rindo, mas não foi nada engraçado na hora!!, Escuto um ruído num corredor da nave… Desvio o olhar pra penumbra taciturna, súbito no confuso entre a certeza da solidão e percepção perturbada ainda pelo sono prolongado, não era nada, só a dilatação de alguns canos de polímero. No sistema de histórico me aprofundo nas pesquisas, para ver, através dos anos, o que aconteceu, com a nave e, logicamente comigo, através do tempo… Vejo desvio de rotas padrão, retas seculares e o negro infinito guardando meu sono, por vastos anos abismais… Defino minha posição, bem, bem, bem distante do ultimo anel de asteroides conhecido… Mas não tem problema, achei uma caixa com 12 garrafas de uísque escondida no compartimento vácuo de mantimentos, à noite, risos, a noite nunca acaba aqui neste lugar…

Predefino o sistema para uma possível rota sem obstáculos ou “luzes” ate a próxima zona negra, onde o mercado de peças de manufatura e contrabando acontece às margens das federações estelares. Tento lembrar-me onde guardava os códigos de acesso para as configurações de robôs internos do computador, odiava decorar aqueles trecos e sempre tinha guardado… Em algum canto da nave… Sei La onde… E é possível que junto a algum álcool mais, nomes de mulheres… Risos…não tinha como, é possível que a maioria de minhas amantes estejam mortas a mais de 300 anos…risos, irônico que a vida perto do tudo, junto ao mais alto que pude chegar e sozinho sem ninguém pra ver..,ou compartilhar, mas…sem dramas, vou a cabine trocar de roupa e fazer algo parecido com café, que eles chamavam de essência  molecular de bebida…uh, o computador reproduz artificialmente o café invitro, que inferno…mais de mil anos não sinto o vento na cara….uh que draminha. Esquece cara… Seja paciente…

Recomposto pego o estojo de ferramentas e saio pelos corredores com o relatório de erros físicos impresso, meio sujo já, em tempo recorde, pelos dutos da nave, para a não tão periódica verificação, executada mais certamente toda vez que eu saio fugido de algum lugar e passo meio século dormindo no gelo… Apreensivo vejo as luzes da nave balançando junto com as vibrações do cosmos, o campo de força de 15 metros de espessura da nave a protege contra micro corpos, e eu estou aqui com um cigarro na boca, irônico e que é a 5ª vez que eu durmo em suspensão, eu tinha algo de 2500 anos e toda vez que me aproximo da civilização, novamente, nada muda, como a estagnação do ápice da evolução fosse algo tão monótono quanto um bar a tarde dum dia de trabalho… Cigarros, bebidas e mulheres sempre são as mesmas, como se fossem feitas em série, as fabricas e empresas, que são corporações tão poderosas que possuem galáxias com seus nomes, e dirigidas por supercomputadores que as fazem impossíveis de derrocada mesmo em 4 mil anos, controlam um modo de vida débil e sem pretensão…é, o cosmos se tornou uma rua de comercio na índia, todos alegres sem propósito, sem perdas ou ganhos, só esperando algo, como se o orgulho de tudo que construíram os intoxicassem ate o talo, os fazendo esquecer de algum possível passo a frente, talvez a volta da pessoalidade, de algum amor…de algum motivo pra fazer algo sem propósito….não da pra negar…o paraíso nunca me atraiu tanto quanto o inferno…

Os corredores são tão aconchegantes, úmidos e cheios de lembranças.. Estranho estes dutos  nunca estouram no mesmo lugar…mesmo passando mil anos..risos…soldo mais um duto de criofluido, a seco e com um faser falhado…mas ta dando pro gasto..preciso de ferramentas novas e também dum novo distribuidor auxiliar do painel principal, este ta dando os doces, me lembro quando comprei este, novinho, o vendedor me carregava o mostrador enquanto eu reparava nela do outro lado da rua…andando como se fosse a dona do cosmos, minha Lilandra, intocada pela matéria e totalmente possuída pelo cosmos, olhar dominante de dona da verdade e cassoante, era a mulher mais insana que lembro, bebemos tanto junto e caímos em tantas ruas, que planeta era aquele??Sei La…Etronder 14 acho…lembro que viajamos pra muitos lugares, trabalhava para uma empresa de supervisão orbital…era administrador de recursos de tempo real…olha só..eu trabalhando em tempo real…risos…o cosmos da muitas voltas…troco o cigarro de mão e ajeito a toca, arrumo as botas pra escalar a parede lateral do convés…vou consertar umas das tampas de escotilha…meio amassada na borda e pode vir a despressurizar a nave depois de um tempo, acho que foi por esta que me arrastei aquele dia, ate o controle da nave…eles todos no meu pé, os guardas de escolta do H. W. Sinter, figura que não ficou muito alegre quando descobriu que a mulher dele e filha do cybermístico yardan Andall andava com um qualquer bêbado cósmico profissional, risos, hoje é engraçado, saber que aquele puto tecnicamente esta morto ha tempos e eu aqui vivo pra contar historia, a alguém, sei lá, esquece. A nave se defendia como podia, ela é guerreira, não e atoa que eu a mantenho… Um plasma pegou na tampa, olha o detalhe, derreteu o titânio como se fosse polímero… Arrastei-me ate os controles e iniciei a criogenia enquanto a nave entrava em fuga… Fui pra capsula, ferido e quase morto…hoje só cicatrizes..ela cumpriu bem o seu serviço, só cicatrizes e lembranças, amargas lembranças de uma mulher…e de jogo de cartas num planeta deserto…huumpf.

 Horas depois os consertos mais primordiais já tinham sido fixados, o sistema de pressurização é desligado para algumas correções nos softwares de controle, a nave se aproxima vagarosamente da civilização, se arrastando por caminhos os quais os sistemas oficiais de trafego espacial não monitoram e o personagem se encontra em suas dependências bebendo ao som de antigos instrumentos que soam como as ondas no espaço, como um lago com brisa fria ao começo da noite, o computador começa a captar fracas ondas de frequência de comunicação do setor mais próximo, e ele começa a se localizar no tempo e nos fatos atuais que a galáxia procede, ele serve uma dose e sai pelos corredores para tomar um banho demorado no setor pessoal, sem compromissos ou valores reais, sua mente é nua e seu corpo iguais. Pensamentos volteiam sobre o passado, tantas épocas, fatos e nomes, ações, alegrias e arrependimentos em tempos que não importa mais, porem, são vivas e trazem um misto de frustração, nostalgia e solidão cada vez mais presente, a cada ano luz o qual se move através do casco da nave que desliza por um corredor imaginário que o leva da falta de destino a total incerteza…as perguntas certas jamais respondidas por paredes que o isolam do absoluto,  respostas dadas a vozes já extintas a muitos anos atrás, são como enfrentar demônios refletidos em ampulhetas seculares que não estão mais vivas quando falam com você.

O suporte de consciência artificial da nave esta em 97 por cento e os controles começam a responder sozinhos..a nave volta a vida e começa a definir nosso rumo sozinha, ha frequências bem vivas no sistema de áudio, depois de um mês em velocidade máxima chego no sistema mais próximo e, faço a volta por fora e sigo por traz de um campo de gelo na orbita de um planeta extinto a séculos, desligo os motores para resfriamento e confio na inércia para continuar a rota, as novidades são insistentes na conexão, 2, 3 revoluções, uns 15 ministros depostos e a galáxia continua a mesma droga, um retrato velho de algo totalmente novo, o ápice de tudo e um limbo monótono como o ultimo jogo de cartas da madrugada sem apostas.

De acordo com as últimas frequências ocorre uma revolução em Diest’ndall 34, planeta metrópole que teve seu ápice há uns 500 anos atrás e agora vive em decadência social, o novo partido de atitudes prepotentes pra não dizer neo-comunistas tenta assumir o controle, o governo regente tenta se manter no governo, não se sabe porque e, contrabandistas, marginais e todo o tipo de gente noturna se aproveita da confusão pra residir e transitar pagando o mínimo de impostos, usando do ilícito e bizarro como se fosse uma rotina simplória e alegre,  ate da pra entender que o mausoléu cósmico que se tornou a prosperidades social massiva que e a confederação galáctica gere vermes tão agitados e fervorosos como este subúrbio que e o 34 negro.

A nave define entrada na orbita pela noite e em um ponto fora do alcance dos controladores de reentrada das torres do planeta,  capto a frequência de um píer de aterrissagem clandestino, 200 créditos a plataforma, barato, peço permissão para aportar e me é definido a plataforma 45, ala sul da zona portuária. O lugar, em sua totalidade sem luzes, dificultando a aterrisagem manual, peço para a nave aterrissar sozinha e ela diz que tudo bem, que já consegue fazer manobras desta classe, ela liga os espelhos repelentes magnéticos e liga o campo de estabilidade magnético, as baterias solares são postas pra fora a espera do dia e a nave aporta sem grandes problemas, ponho uma roupa discreta, pego o resto do dinheiro que achei para alguma diversão e desço a plataforma e vou direto ao acesso principal.

Licença Creative Commons
O trabalho Gelo Quente de Carlos Adriano foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – CompartilhaIgual 3.0 Brasil.
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Jussara e a viagem do Capitão Pickles 05

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Diário de Bordo 021

Data Galáctica 471

Capitão James Pickles

Então ficamos bebendo e pensando em como a vida seria mais interessante se ao invés de sangue nós tivéssemos pinga em nossas artérias e veias. Imagine se não precisássemos dormir ou comer?

Imagine beber e nunca ficar torto de cair e passar o dia seguinte male da vida ou vomitar em tudo e em todos. Mas por outro lado, se não fosse por este estado eu não estaria aqui como capitão. Parece que na vida do homem tudo é o contrário do inverso da mesma coisa e ainda no meio. Bene, nada que não podemos resolver de forma civilizada em um bom e consagrado bolicho lunar.

Ainda me lembro como se fosse ontem quando corria pelado pelo campo, escapando dos tiros de sal do véio Bento da fazenda Cornado. O Bento tinha uma filha muito bonita e muito dada, inclusive muito simpatizante com as causas dos fracos e deprimidos. Ela era aparecer e todo pião deixava de ficar cansado, triste e preocupado com o sordo que o patrão não liberava no fim do mês. Eram sempre duas filas, uma pra receber o sordo na casa do patrão no meio da fazenda e outra na casinha amarela da fessorinha em baixo dos butiazeiro. Não tinha dia mais aguardado do que o dia do fundão da Benedita. Puta merda!

Uma vez que outra o véio via a fila e saia com o rifle de cornos de aço atrás dos contemplados com o fundão no momento H do depósito. Saia nóis correndo pelado pelo campo sem se importar com o percurso. Quando a gente se embranhava em algum mocó, nóis se fragava do nosso estado. Os pé com as unhas pretas de barro, as solas cravejadas de espinho do mato, os braço lanhado e ardendo de urtiga. Fora isto, ainda tinha o touro doido do Senhor Agripino, o bicho corria nóis até o fim do cercado, quando o maldido não pulava e corria atrás dos pelados até a fazenda da Tia Jô.

A gente chegava e se jogava no açudis do Véio Agenor, ficava durante umas horas refrescando as partes e medindo os purmão no campeonato de seguramento de respiração. O Gonçalves quase sempre ganhava, porque ele tava acostumado e meter a cara no mato, na graxa barbuda para agradar as damas. O problema é que muitas vezes (quase sempre) a região alegre tinha fedor de zurrilho vencido. Para evitar vexames, ele se aperfeiçoou em trancar as respirações. Puta merda!

Porém, meu destino não estava no campo como meu pai queria, acabei me envolvendo com a marinha e depois teve todo aquele problema com o espaço na terra. Enfim, perdi minhas amadas, meu campo, meus bolichos, meus esportes (pinga ao metro, corrida de 1km nas urtigas, arremesso de toco com abelha, corrida de boi, nadação em rio com peixo do tico, vespeiro bêbado, entre outros) e minha juventude.

Quando voltei a mim mesmo de novo outra vez, estava sentado no meu trono do rei Arturo na ponte da Jussara.

Diário de Bordo 022

Data Galáctica 471

Capitão James Pickles

O grande vidro deixa ver o nada estérico da suberfície da lua. No campo quando olhava para cima, era tão linda e tão brilhante, achava que fosse quente e ext.. est.. muito brilhante pacas. Mas não passa de um lugar cheio de pessoas parecidas, sujas, bêbadas, reclamonas e com cor azulada. Aqui sem esta tal de atimosfera, tudo é artificial, andamos dentro de canudinhos de vidro, tudo tem cor azul fraco, é frio e sempre se ouve pessoas reclamando de tudo. As mulheres são todas fazidas, os homens frouxos e as bebidas boas são raras. Em cada canto tem gente se matando, a comida é fraca e não tem gordinha pra se apertar. O caos do homem macho. Não significa que não curta as perfeitinhas, mas o homem deseja uma gordura de vez em quando. Aqui não podemos nem tocar no assunto. Leva a uma exp… esp… você é ejetado para o tal do vácuo do limbo. Ouvimos e assistimos o que eles mesmos desenvolvem aqui, algumas vezes, temos material de fora, uma raridade cara demais para classe Z como eu por exemplo. Nos divertimos bebendo e assistindo fitas VHS gravadas com o programa do Ratinho, da Hebe e do Super POP. Puta merda.

Aquela luz azulada me ofuscava os olhos, mas era muito lindo ver logo abaixo, antes da suberfície estérica um aglomerado de tábulas amarelas e laranjas desenhando nossa incrível comunidade lunar junto aos canudos de vidro que finalizavam na parte de baixo da Jussara. Levantei do trono caminhei até o vidro, arrastando os bancos Long de madeira classe bolicho do caminho e contemplei feliz com as mãos unidas por atrás das paletas com meu querpi do Yamato. Suspirei e me lembrei do nosso dilema de levantar este latão. Jussara é uma nave de classe H do tipo tréval espeice eksplórer. Olhando de longe ela lembra 03 rolos de linhas da máquina de overlóquis da mama, só que empilhadas, dois embaixo, um do lado do outro e mais um em cima. A ponteira do de cima é de vidro azul claro, justamente onde estou. Ao longo de todo este rolo de cima estão eu na Dã Brídege, os engenheiros e os jogadores. No tubo de baixo da esquerda, estão os judocas, os fazendeiros, cozinheiros e a capital (praça de alimentação). No outro tubo estão os médicos, os arquitetos e ao fundo, juntando os três tubos estão os mineradores e a casa de máquinas. Colei o mapa me entregue pelos jogadores, no espaço à minha esquerda, peguei um uísque na máquina e coloquei no meu suporte com canudinho. Pedi ao Héracles que me troux.. trouse… me achass… achaç.. pra achar um mapa local e um estrelar para a viagem.

Diário de Bordo 023

Data Galáctica 471

Capitão James Pickles

Curtindo minha solidão azul sozinho na ponte redonda, percebi a Dra Spika sentada de calcinha e sutiã em um dos bancos de bolicho da ponte. Finalmente a hora da verdade havia chegado. Desta ela não iria escapar. Depois de muito ficar angustiado e pensando em coisas terríveis com o corpo dela, este era o momento em que o carro de bois deveria seguir adiante, a vaca deveria ir pro brejo de vez. Mesmo que minhas próximas ações fossem prejudicar todo o programa espacial da lua, eu tinha que fazer isto pelo bem da raça humana dos homens da terra. Avancei de forma rude e macha para cima da Dra e num movimento brusco se sem volta me sentei ao seu lado, botei uma mão em sua perna e a outra… na sua mão é claro, macho não significa ser agressor e violador de virgens. Sem deixar falar sequer nenhuma palavra humana, fiz o que nunca ela iria esperar de um capitão foda como eu. Fui curto e grosso com a menina de olhos verdes e cabelos lisos avermelhados eu acho. Tasquei uma rápida e prazeirosa pergunta. Dra Spika, porque você está nesta missão onde existem apenas homens?

Ela me olhou seriamente durante algum tempo, ela começou a ficar suada pra caramba, piscou muito e gaguejou que nem um toca fita torto. Mais foda do que eu achava que ela também fosse ela me contou a explosiva verdade sobre tudo. Ela é filha do General Washingtonn Nerbhes o mesmo que me fu… e que organizou esta viagem. Pensei: puta merda. O que levaria uma jovem linda e gostosa como Spika a uma viagem com mais de 500 cães sedentos de mulher para o universo aberto. Ela é perfeita e poderia viver na paz da lua para sempre. Foi então que recebi o tijolo nos bagos. Tremi que nem cusco cagaciado, que nem xirú com diarreia e querendo peidar. Ela não se chama Spika, não antes, mas somente agora. Na verdade nada é verdade, na verdade ela não era filha do General e na verdade ela nunca pensou em viajar, na verdade ela nunca queria ter sido médica. A verdade nisto tudo é que nada do que vimos dela é realmente 100% verdade do que se imagina. Puta merda, me perdi. Resumindo: ela não era ela, puta merda x 10. Seu nome verdadeiro era Marivaldo (puta merda de novo), ele é filho do General, mas sempre foi digamos assim afeminado. Isto não agradava o general e nem o Marivaldo. Ele estudou e se formou em medicina, se especializou em transplantes, queimados e cirurgias de risco. Assim, se operou e se transformou em mulher. Como não possui mais o membro definidor de homem, assumiu o nome de perda de ex-pica, mas para não deixar isto claro, reformulou a sua nova condição o transformando em um nome feminino e que também é o nome de uma estrela, assim Spika (espica), puta merda mesmo.

Diário de Bordo 024

Data Galáctica 471

Capitão James Pickles

A menina homem se abraçou em mim chorando, pensei com cautela antes de lhe abraçar com afinco também. Fiquei imaginando se algo se levantasse da tumba e me cutucasse. Mas ela me deixou calmo dizendo que agora ela era mulher, mesmo as vezes querendo pegar outras por ai. Mas não havia perigo em ser atacado por algo do passado. Assim abracei a guria, deixando minhas mãos caindo até suas ancas, enfim, o meu major é que estava acordando. Mas esta rapariga era homem porra. Não dava pra continuar. Soltei ela que nem tatu com pressa e disse: se lembra do estilingue mulher?

Vou deixar seu segredo comigo e com mais ninguém, mas entre tu e eu só amizade e nada de TE AMO de acordo?

Muito sem graça ela se vestiu (puta merda, mas que homem bonito), puta merda Pickles, nunca mais escrevo isto de novo, nunca mais isto deve passar pela minha cabeça, literalmente e realmente, pela cabeça nunca mesmo. Podia sacanear toda a tripulação contando. Mas ai iriam expulsar o garoto. Não era justo, ele tem sonhos como eu tenho. Puta merda, preciso beber, e preciso de uma mulher agora mesmo. Fiquei umas 4 horas fora, bebi e me afundei em várias bêbadas que estavam comigo. Ao retornar me deparei com algo estranho: não conseguia subir na Jussara. Estava tão bêbado que tudo parecia de lado, sei lá. Dormi na rua na entrada da nave.

Diário de Bordo 025

Data Galáctica 472

Capitão James Pickles

Acordei-me (bonito hein) todo babado e acho que mijado também, sem nenhuma roupa e nada. Seja lá o que tomei, o fogo foi tão alto que não sei nem como cheguei aqui. Ainda parecia que estava tudo torto e então dei da cara com Spika me olhando com aqueles olhos pequenos. Ela sorriu e me deu a mão suave. Puta merda. Levantei e percebi que ela não estava torta. Me entregou minha roupa de capitão. Vesti ali mesmo enquanto ela ou ele me olhava com uma cara de fome. Foi então que percebi que o latão estava inclinado. A plataforma que parecia uma funda havia sido erguida e com ela o latão Jussara. Por isso não consegui entrar nesta madrugada. O pessoal me disse que foi o caos, a plataforma foi levantada sem aviso e ninguém sabia que o lançamento seria desta forma. As fazendas foram parar na casa de máquinas e o castelo do Vingador foi destruído em uma das fornalhas. Os Jogadores travaram uma batalha em turnos com os mineradores que queimaram todos os dados do pessoal, deixando os jogadores sem ação e com estatus frízi. Os judocas se amontoaram na enfermaria e foram medicados todos ao mesmo tempo sem saber o porquê da coisa toda. Os arquitetos entraram em psicose depois que suas Moniques Evans estouraram e suas maquetes foram destruídas. Eles atacaram os engenheiros em busca da verdade quando comiam na Capital. Na ideia de ajudar os engenheiros, os cozinheiros atiram máquinas de bebidas nos arquitetos, puta merda. Quando gritei para parar com a zona em que estava o interior da nave, ví os mineiros enterrando alguns médicos. Porra, como fizeram isto em uma lugar de lata? Deixa assim. Pedi a colaboração de todos para adaptarem tudo para uma posição vertical e horizontal. Todos me olharam sem entender porra nenhuma, mas, minha presença suprema os fez dizer sim senhor, e eu gostei muito de ouvir. Retornei para a ponte onde tudo estava no lugar, menos os bancos de bolicho que estavam grudados na parede atrás do meu trono.

Diário de Bordo 026

Data Galáctica 473

Capitão James Pickles

Depois de uma noite horrível na ponte, uma noite terrível com sons de muitas coisas ao fundo e ainda por cima Spika deitada próxima de mim. Na tentativa rápida de adaptar o interior do latão aos 360 graus de viagem espacial, um show de ruídos e bateção de metal infernizavam meu cérebro. Spika dormia e roncava que nem uma porca do campo, incrível sono pesado. Puta merda. Já era tarde da noite quando consegui pregar os olhos, mas fui acordado por um som de barra de ferro caindo. Horas e horas mais tarde, dormi e fui acordado de novo com uma conversação intensa. Fui ver o que era e me surpreendi com diversos homens numa jogatina desenfreada de buraco. Os jogadores estavam fazendo um tal de laivi éktion e o capitão aqui que se lasque sem conseguir dormir. Em um grito de desespero pedi que parassem com isto. Quando o silêncio reinou, dormi no caminho nem consegui chegar na ponte. Dormi em um dos corredores. Spika me acordou com um cheirinho místico de café lunar. Apesar do medo nutrido por esta mulher, aceitei a oferenda. Andei até o mirador interno e ví cada grupo fazendo seu dejejum (acho que um tipo de ritual) ao seu modo. Coisas bizarras podiam ser vistas e mesmo eu um homem vivido e hábil na lavoura chucra fiquei espantado. Entre as coisas estranhas, estava porco assado, tatu assado, torta de maça com creme dental e picolé de sadol. Puta merda, o que eles comem no almoço?

Diário de Bordo 027

Data Galáctica 473

Capitão James Pickles

Depois da porcada toda comer e arrotar durante 10 minutos, reuni para dar a voz final. Nós tínhamos exatamente duas semanas para preparar a nave. Durante a tarde consegui os materiais necessários para montar o estilingue. Reuni arquitetos e engenheiros e começamos a discutir as plantas dos projetos. Foram 8h duras de apontamentos e discussões, sendo 4h de bebedeira para descontrair (ninguém é de ferro). Nos unimos aos mineiros e jogadores para reavaliar e acatar mais ideias antes de começar a botar a mão na massa. Passamos mais 10h discutindo, criamos mais plantas, esquemas, desenhamos um mapa e jogamos Sibéria 2 no PSOne da nave. Depois, para relaxar apostamos garrafas de vinho em pegas violentos na máquina de enduro da capital. Puta merda. Fiz grande descobertas nestas horas de puro trabalho intelectual. Descobri que um ano não tem 365 dias na terra, que o céu não é azul, que um D10 é um dado de 10 faces e que os cavaleiros do zodíaco não são reais. Que tristeza.

Diário de Bordo 028

Data Galáctica 475

Capitão James Pickles

Montamos a coisa toda e esquecemos do principal: como puxar o latão pra trás? Puta merda. Sempre falta algo, sempre.

Trouxemos amigos dos fazendeiros com seus caminhos Fiat de 1980 (relíquias robustas da terra) e prendemos aos motores da nave. Também trouxemos uma pá de burros, cavalos e alguns cachorros disponíveis para ajudar a puxar o latão. Demoramos cerca de 10h para mover a nave, sim conseguimos mover a Jussara 10cm. Puta merda. Precisamos de algo maior e mais forte. Pensamos em gases de peido ou amarrar uma pedra e jogá-la da lua para o espaço. Finalmente tivemos a idéia de pedir ajuda para as naves colônias. Na próxima entrega de produtos iríamos prender um cabo ao latão para puxá-la. Spika sugeriu as colônias para puxar a Jussara e assim dar impulso para tirá-la do chão. Mas havia o risco dos motores não ligarem e ela acabar se arrebentando na cidade ou saindo da lua ficando a deriva. Enquanto aguardamos a vinda da nave, Spika fez uns espetinhos de gato. Sinceramente não sei da onde ela tirou a carne e nem do que era realmente. A verdade é que estava bom. Mais tarde um homem apareceu perguntando se alguém havia visto Jamanta o pônei dele que havia sumido. Puta merda.

Diário de Bordo 029

Data Galáctica 476

Capitão James Pickles

Finalmente a nave começou a ser avistada ao longe. Através de um sofisticado sistema de comunição Sony Vaic instalado na ponte me comuniquei com a nave colônia através de um  uolqui tóqui foston de primeira linha. Expliquei a situação e rindo sem parar (não entendi até hoje) me deu OK.  Antes disso ele me disse algo, mas a transmissão estava ruim com a estática. Se não me engano algo como suicídio ou burrice. Devem ser códigos de transmissão, mas não importa. Os hangares com carvão, garrafas de água mineral e tambores de oxigênio estavam todos em 100%. Para eventuais problemas estou levando uma caixa de trakinas de morango, um fardo de água mineral com gás, 10 pacotes de camisinha (nunca se sabe), dois fardos de cigarro Bostery, 3 caixas de charuto Rei da Bazuka, dois discos de queijo da campanha, 12 potes de Mumu e um relógio despertador de corda. Obviamente fotos, quadros e coisas sentimentais como meu sapinho Sarmento estão a bordo. O tranco foi fabuloso e Jussara foi colocada  na posição de lançamento ideal. Fizemos as honras, despedidas e revelações. Não queria ouvir a metade do que ouvi. Para alguns, nem as sogras foram poupadas. Puta merda.

Diário de Bordo 030

Data Galáctica 477

Capitão James Pickles

Depois de ouvir todas as verdades verdadeiras de todos e descobrir que alguns não tem membros, pai, mãe e que alguns comeram as sogras, além de, saber que alguns curtiam porcas, cavalos e ovelhas, além de eventos hediondos de assassinatos em série e um viciado em enterrar coisas (foi ele que enterrou os médicos dentro da nave), ainda tive que contemplar a sessão de últimos desejos. Puta merda. Durante 8h, vi shows de mágica, sapateado, teatro, teatro com bonecos, pedidos de pizza da terra para serem entregues na lua, além de, shows musicais horríveis e até um concerto. Puta merda. Gelei quando Spika se aproximou e disse que agora era a vez dela de pedir um último desejo. Puta merda. Disse a ela que não havia a chance de morrermos e que este papo de último desejo era uma merda. Para garantir minha integridade, não pedi nada. Mentira. Pedi uma bebida e para não ficar chato, meu pedido foi pedir uma bebida rara da terra e saborear a iguaria com Spika na ponte. Atrasei o lançamento em 03 dias. Puta merda.

Finalmente bebemos juntos na ponte nosso licor de gabiroba do mato. Podres de bêbados sentamos juntos no meu trono. Inevitavelmente ela em meu colo e inevitavelmente fiquei todo duro. Sem mais, ordenei a última checagem de tudo. Pedi que ligassem os motores e se posic… poc.. que fossem para seus lugares e apertassem os cintos. Puxei o mecanismo acoplado pelos engenheiros para cortar o lacre e soltar Jussara. A ferramenta de corte funcionou mas se despedaçou toda quando ao começar a ser jogada para frente acertou um telhado de uma casa. Comecei a ouvir sons de coisas quebrando. Puta merda, montamos o lançador para o lado errado. Passamos por dentro da cidade, criamos um canal de mais de 1km cidade a dentro. Também esquecemos de abrir a cúpula, ao nos chocarmos abrimos um rombo de tamanho fantástico e junto com Jussara alçando voo, vimos parte da vila onde o lançador estava vindo junto no vácuo. Puta merda, será que matamos todos na lua?

Que Deus nos ajude se agora somos os únicos varetas humanos.

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O trabalho Jussara e a Viajem do Capitão Pickles de Alexsandro Barbosa Costa foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – CompartilhaIgual 3.0 Brasil.
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